quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Esquete sem nome do Dionisio.



Gente faz um tempinho que tenho uma divida com um camarada, que não por acaso, sim por Deus, é meu irmão. Ele, Dionisio, me enviou esse texto já há algum tempo e pelas coisas do dia a dia acabei não dando conta de postar sua obra aqui no Blog, porém agora vai ele aí, para que todos possam desfrutar da capacidade intelectual desse moço, que agora inaugura outra fase criativa de sua vida, o casamento.

Eu Maior que o Mundo
Eu Menor que o Mundo
Eu Igual ao mundo...

Dionísio Josino de Oliveira Filho

AMADURECÊNCIA - Viver, fluir. Por um acaso estou certo de que o acaso não existe? Digo, desmistificando, não no sentido de desacreditar ou inviabilizar expectativas de quem crê no destino... Vocês que estão aqui hoje, estão por que ousam querer? Porque suas mentes esperam algo diferente... Algo diferente que os tirem da rotina diária que os privam da paisagem a muito amarelada pelo sol se pondo ou da hibernação noturna dos corpos...?   Mas, ao contrário, estão aqui para abrir possibilidades e tornar o mito mais próximo e comum. Nesse caso o destino é só uma desculpa para justificar ou iluminar certos encontros ou desencontros. Encontros e desencontros são passíveis de serem ouvidos, pois emocionam, portanto notáveis o suficiente para serem comentados e produzirem o resultado esperado. Ao acaso tudo se passa por natural, mas os caminhos, não são nada naturais, é parte da cultura. Quem escolhe passar por onde, quando e como? Assim como escolho estas palavras para palavrar ejaculadamente nos verbos de minha língua. Assim como escolho outra infinidade de palavras para não salivar ou reprimir o verbo lingual. Quem saliva um conto é o dono do volante da história, falam de pessoas e magias, encontros e desencontros e não diz sobre as formigas que atravessam a estrada no sentido inverso: o transversal. Cada momento: Inesperado e inédito. Enquanto a história segue paralela, ela segue, atravessando sem registro pela história, sem uma vírgula sequer. Talvez fosse o caminho que passou pela formiga. Para minha língua salivadora de verbos hipotéticos, a imaginação é a mente reagindo à pressão da realidade. No entanto, o que a língua chama hoje de realidade seria simplesmente a imaginação dos mortos: desta forma, ser realista é outro nome para o conservadorismo. Precisamos da imaginação para inventar novos caminhos, seja para a nossa vida pessoal, seja para a sociedade como um fim justo para a imaginação...
É meus amigos: respirem fundo porque o mundo faz pouco caso do que os incomodam, mas hoje dispomos nossos próprios sonhos para vocês, fechem os olhos e sintam fluir o pedaço de chão que os levará ao casamento da viúva, as histórias contadas na cama antes de dormir, a reza do padre, ao dia do casamento, a fuga da noiva, os levará até a chuva que chove vento de água, ao hospício... E se vocês pegaram o espírito da coisa, nós vamos levá-los para as suas vidas que a muito os esperam...



CARLITO - Venham amigos, tomem a mão do carlito e passem para o outro lado. A língua da amadurecência que apouco anunciava o encontro entre o espectador sem nome e a filosofia de carlito, vos fala agora que de encontro ao descanso, a ponte liga o ponto de quem está só... De que a teoria da cabeça na lua fomenta uma aprendizagem não imaginada pelos pedagogos e só pensada por pessoas pequenas na sua grandeza de quem está junto!
MARIA DO GRÃO  Não escreva sons palavrados sem condição na realidade! Esse anúncio deixará nossos espectadores no meio de uma passagem para uma terra de lugares movediços, tão logo seus olhos se abrissem diante dos encantamentos a que cada lugar-pintura os envolvessem...
CARLITO- Ora! Mas é o que inevitavelmente se instaura quando desse encontro minha cara do grão. Desde que chegados a essa terra de mistérios pictóricos, o outro lado a que a vóz se referia... Não mais voltar é necessário, pois já se é outro desses muitos que ora são, enredados por essa intrincada espacialidade tecida e torcida no corpo do tempo.

MARIA DO GRÃO  Ora! O que a sua língua fala é uma maluquice. Quem, senão um louco salivaria palavras verbos e criaria outro mundo ao invés de se adaptar a esse já criado?

CARLITO - Criado desse mundo? Não! Subalterno de imposições? Nunca! Quando se é exilado de si mesmo parte-se logo para outras praias, as do desterro da ficção.
MARIA DO GRÃO - Ou não...
CARLITO - De todo modo, não se trata de qualquer tipo de mundo é evidentemente, mas daquele que tem valor de filosofias do sujeito. De uma autoria. E, conseqüentemente, do gozo obtido com isso. Salivo filosofias hipotéticas para me estabilizar. Meus personagens são vis para que eu não precise sê-lo. A filosofia é uma tampa de ralo de banheira que se coloca rapidamente para que a água não escoe toda e deixe a gente a seco, nu, tremendo de frio, com a sensação de que o líquido se foi, escorreu...

BOÊMIO - E o parto começou: vamos ter que respirar por conta própria, pagar essa conta, o ar entrando, queimando os pulmões. Sangue, suor e ainda por cima sem cerveja. Sem ser, veja. É uma rolha que tampona o buraco que é sempre mais embaixo – ou acima, não importa.
MARIA DO GRÃO - O que há é que não se consegue determinar o lugar, seu espaço, seu diâmetro, o que se sente é a espessura de sua borda. É um risco que se borda e se corre, que se segue, de um bordado, uma abordagem, no máximo. Um recorte numa mapa, litoral. Sempre mente, só aí se chega...
POETA - À verdade: pela mentira. É quando mais se mente: pela língua, essa de nossa mentira primeira, a fantasia. Filosofia não é isso? Ilusão. Ilusão da verdade.
BOÊMIO - Qual?
MARIA DO GRÃO - Essas Todas. ..
POETA - Que a vida não tem sentido, não tem objetivo, não tem clausura, boa formiga a atravessar a transversal da rua... A relação sexual não há, nada de metade da maçã, nem nirvana. Só uma banda, de cada lado: você pra lá eu pra cá, até quarta-feira, vou acordar-me...
BOÊMIO - Há qualquer coisa estranha nessa tal palavra fingida na realidade poética.Inquietação etílica sem álcool, com até a palavra última ejaculação, estado novo antigo. O verbo feito carne língua salivadora de hipotéticas filosofias vãs, fodendo, dançando, bebendo. Ousando uma tal alteração inexplicável que na falta de melhor entendimento chamamos prazer, alegria, poesia... Quem és tu para transfigurar a noção de paisagem traduzida pelos olhos e inventar um mundo quase louco?
POETA  Um mundo quase louco?

BOÊMIO  Ora! Pois que sim! O mundo do Carlito é um mundo invisível, simplesmente invisível, um mundo quase louco, pois que é completo sendo, entretanto, meramente parcial pois, saliva na tênue linha hipotética de filosofias vãs transloucas...
CARLITO - O acontecimento na amadurecência plenifica-se naquilo que demanda vivência...

POETA  Sim!

CARLITO - Não há como olhar para cada micro-universo que se edifica no tempo senão por uma medida ampliada de vivência, pois diante daquilo que pode ser o banal, minha língua salivadora de filosofias hipotéticas reveste-se em possibilidades de descoberta das passagens que o humano tece numa temporalidade abismal...
BOÊMIO - Há bloqueios na entrada da sua ponte tênue... E anteparos de imaginação de cor que se deslocam nos diversos campos da loucura meu caro carlito... Você argumenta ejaculadamente salivas palavras de uma mutabilidade matérica que apela a que o espectador se mova para tentar passar para o outro lado de sua condição costumeira...
POETA  E o que se espera sempre meu caro amigo de bar? O que se espera é logo chegar, mas sair é inconcebível, pois os lugares movediços dessa geografia apreendem o olhar que se torna presa fácil dos vários tons, nuanças, “veladuras”, transparências e loucuras. Já estamos onde o amadurecência salivou e carlito nos colocou... Nós aceitamos... Nos encontramos no centro de um lugar que ora oculto se veste de muitos lugares em apenas um... O que já nos remete ao estado de frementes confusões, sendo que essa parcialidade é completude. Mas quem precisa de um lugar certo, estável, completo?
BOÊMIO - Carlito sabia o tempo todo que os muitos-mesmos lugares que ele ergueu, podem nos remeter àquelas inevitáveis e esdrúxulas necessidades de identificar os signos do mundo real... Você nos troce aqui...
MRIA DO GRÃO  Alguém... Alguém?  Tire-me daqui!
AMADURECÊNCIA - Venham amigos, passem para o outro lado, passem, aqui esses lugares já não mais estão...
POETA - Qual sóbrio não seria ficar ali encontrando e brincando com as                               fagulhas sígnicas que já se tornaram velhas?
MARIA DO GRÃO  Não!
CARLITO - Maria! A voz grita do fundo do seu vazio especular. Todas as condições são possíveis e nenhuma é! Então tente, tente... E os olhares se enchem de temores. E as dores dos dias reeditam seus pesares. E o tempo reflui em doses de insustentabilidade... (sussurrando) “essência e existência, imaginário e real, visível e invisível, a palavra salivada da ponta da língua ejaculada em verbos de filosofias hipotéticas vãs, baralha todas as nossas categorias ao desdobrar o seu universo onírico de essências carnais, de semelhanças eficazes, de mudas significações”
POETA  Percebem... Percebem? Eis o que de necessário é o habitar em nós: a condição da loucura como acontecimento que baralha as nossas categorias... Estamos vivos? Estamos mortos?
BOÊMIO  Não estamos mortos, tão pouco vivos... Mas estamos onde carlito e o amadurecência nos trouxeram... Nossas tristes certezas...  O tempo-lugar das salivas palavradas em verbos filosofias hipotéticos de sua língua que não se quer como a fácil escalada pelas representações usuais e comparações cínicas, o constante surgimento de todos esses lugares que são o mesmo dele próprio que incitam o olhar que nem sequer precisa estar ali...
POETA  Voltem todos que não esperam o tempo olhar...
CARLITO - Mas, tarde é para que se volte, pois o primeiro olhar já é o que nos enreda a outros tantos olhares, para a descoberta dos lugares movediços que são possíveis em lugares deles, lugares nossos, lugares outros. Tal é o ampliado dessas mutabilidades pictóricas que não se perdem, não se fixam, não acabam...
MARIA DO GRÃO - Voltem, voltem, voltem...
CARLITO  Vás só quando quiseres pousar da paixão que te rege a cabeça sob a lua que gira, gira, gira...
MARIA DO GRÃO  Esquecer-te não era o que eu pensava... Mas essa vastidão de filosofias hipotéticas de verbo em vastidões de incógnitas encontradas nas salivadas palavras da amadurecência desenham na imaginação equações subversivas aceitas passivamente apenas pela doce loucura de Carlito... Pois o poeta ainda tem que se descobrir vivo ou morto para situar-se na vastidão do mundo...
POETA - As imagens ejaculadas de verbos hipotéticos por Carlito pretendem representar algo... Algo que se encontra lá fora do espaço tempo do seu mundo, eu sei que Todos os dias é preciso quebrar uma fórmula, reinventar uma nova direção pra mola, desintegrar partículas de moléculas e encontrar uma forma diferente de fugir daquilo que a paisagem nos tira e nos dá refinado.
CARLITO  Perspectiva Maria... Perspectiva... Uma nova visão de mundo... É isso que amadurecência propõem...

POETA - Você não palavra nada de sua língua? Mas pra mim tudo bem, pois também não acho que você tenha algo a salivar de sua língua...
Por minha vez não te salivo verbos hipotéticos da minha língua porque acho que você não vai entender...

BOÊMIO - Me parece óbvio que palavremos em silêncio assim... (desdém)

POETA - Mas a obviedade também é algo surpreendente, pois de vez em sempre sigo sorrisos a sós em meio à multidão mas me sinto estranho entre conhecidos e acho que são todos eles paranóicos...

CARLITO - não me basta sonhar. Não me salivem verbos que não forem filosofias palavradas do invisível. Andar em círculos, a dança da chuva, é tão racional divagar sobre o nada. Palavrar qualquer coisa e salivar em silêncio nem sempre diz nada se não for o olhar quando quer perceber. O conceito de tudo é uma verbo morto, não sabe de nada. Ás vezes palavras hipotéticas salivadas existem se lidas, ás vezes apenas pelas entrelinhas.
as vezes no abismo o eco responde. E antes do pulo todos podem voar. A menos que se prove o contrário.
Ás vezes não olho os meus descaminhos, não me encaro no espelho, descompassado não sigo o que vejo e ouço meu grito salivado de minha imaginação, a intuição. As vezes respondo, esqueço meu nome e me chamam por número. Definições que me cortam ao meio, me dividem e subtraem, me servem em bandeja, com maçã e molho madeira, que me nomeclature e classifique, me descarte e massifique. As vezes há portas e não sei quais delas abrem. Tantas liberdades, algumas quem me distraem. Entre a chave e a porta, um lugar e um segredo. Passei por aqui, não era uma estrada e da ultima vez era só a primeira. Eu não percebí quando se passou, minha voz dissonante, meus gestos banais, pensamento semblante, nenhuma precipitação, nada comove, nenhum pensamento deduz, livre tradução de uma língua morta, sonhos divertem mas nunca me tocam. A mesma coisa nem precisa dizer, o contrário do contrário. Tentativas de erros, nenhuma lição de moral no fim da história. Ninguém pegará no volante da história e salivará hipóteses de minha vida. Alternativas me seguem e não há saída. A minha justa balança do meu lado pende. Meu braço abre asa e também se despedem. Jamais existiu a página rasgada dicionárica distante. Amarro meus braços no meu travesseiro, sem mais a palavrar dormirei de maduro, caí de um sonho, acordei deste lado pretendendo voltar, mas por outro caminho, outra perspectiva...

AMADURECÊNCIA – “Ser ou não ser... Eis a questão. Que é mais nobre para a alma: suportar os dardos e arremessos do fado sempre adverso, ou armar-se contra um mar de desventuras e dar-lhes fim tentando resistir-lhes? Morrer... dormir... mais nada... Imaginar que um sono põe remate aos sofrimentos do coração e aos golpes infinitos que constituem a natural herança da carne, é solução para almejar-se. Morrer..., dormir... dormir... Talvez sonhar... É aí que bate o ponto. O não sabermos que sonhos poderá trazer o sono da morte, quando alfum desenrolarmos toda a meada mortal, nos põe suspensos. É essa idéia que torna verdadeira calamidade a vida assim tão longa! Pois quem suportaria o escárnio e os golpes do mundo, as injustiças dos mais fortes, os maus-tratos dos tolos, a agonia do amor não retribuído, as leis amorosas, a implicância dos chefes e o desprezo da inépcia contra o mérito paciente, se estivessem em suas mãos obter sossego com um punhal? Que fardos levaria nesta vida cansada, a suar, gemendo, se não por temer algo após a morte - terra desconhecida de cujo âmbito jamais ninguém voltou - que nos inibe a vontade, fazendo que aceitemos os males conhecidos, sem buscarmos refúgio noutros males ignorados? De todos faz covardes a consciência. Desta arte o natural frescor de nossa resolução definha sob a máscara do pensamento...”

Fim


Nenhum comentário:

Postar um comentário